Por Emanuel Andrade – jornalista, professor e pesquisador
O poeta, cantador, violeiro e escritor Aldy Carvalho, sertanejo de Petrolina, há muito vem explorando sua criatividade multiartista, para além das fronteiras do Nordeste, sendo que o Sertão se mantém nas veias abertas de sua arte. Com uma vasta obra, entre livros e discos, que frequentemente mapeia o universo caatingueiro, Aldy acaba de jorrar no campo literário em forma de cordel, seu olhar aguçado para o mais impávido personagem da caatinga em “A Arte de ser Vaqueiro”(Editora Nova Alexandria), em circuito nacional, com belas ilustrações de Rafael Limaverde.

Desde que começou a externar sua veia artística, ao longo de décadas, sua obra foi se desenhando como um verdadeiro mosaico que reflete o universo sertanejo, mesclando o lirismo das léguas percorridas com as veredas abertas por grandes nomes da literatura brasileira, como Ariano Suassuna e Guimarães Rosa.
Em “A Arte de ser vaqueiro”, com a apresentação do escritor Pedro Monteiro, o autor retrata na linguagem de cordel com estrofes em sextilhas, a profissão de vaqueiro no Nordeste, explorando a bravura e a tradição desse personagem tão presente na realidade sertaneja. Para ele, a profissão de vaqueiro em sua labuta personifica bravura a tradição do povo nordestino.

Nesta obra, o poeta cantador conduz o leitor pelos caminhos áridos da caatinga revelando em seus versos a essência histórica e cultural desse enigmático personagem – celebrando esse importante ofício de vaqueiro reconhecida pela lei 12870 / 10 / 2013.
Aldy Carvalho dedica o novo livro – a ser lançado no segundo semestre em Petrolina – à memória de José Luiz Barbosa, o “Zé do Mestre”, vaqueiro de Salgueiro, Sertão Central, que faleceu em março deste ano.
“No Sertão fica seu nome feito marco no gibão/ foi vaqueiro de respeito a aboiador e artesão de Pernambuco(…)/Salgueiro canta saudade, mas o amor ecoa agora na voz da eternidade O cavalo o boi a Terra e a fé são as paixões do vaqueiro”.
Ao longo da horizontalidade do texto poético costurado com primor, a obra é ilustrada por Rafael Limaverde que dá vida às palavras com imagens marcantes da figura do vaqueiro. O pesquisador e caatingueiro, de Curaçá(BA), Omar Babá Torres, endossa a obra em um texto que agrega o valor social e a arte de ‘Ser Vaqueiro’.

Para ele, o homem escolhido pelas circunstâncias da vida para ser um vaqueiro torna-se um ser síntese dos conflitos entre os limites e o ilimitado do possível e o impossível e do permanente embate da morte com a vida.
“O vaqueiro é tão naturalmente superior que se avistadas três pessoas num caminho, duas em pano e uma encourada, assim é dito: ali vem uma criança, um homem e um vaqueiro”, descreve Omar.
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Fotos: Arthur Carvalho e Jefferson Coli